Da Gazeta do Povo - Dois londrinenses são personagens centrais de quatro escândalos de corrupção, incluindo a Lava Jato: o doleiro Youssef e o ex-deputado Janene
Uma teoria formulada em 1967 pelo psicólogo norte-americano Stanley Milgram prega que são necessários no máximo seis laços para que duas pessoas quaisquer, aparentemente distantes, estejam ligadas entre si. Desde então, cientistas se debruçam sobre esse estudo e alguns deles chegaram a concluir que a quantidade de passos para se chegar a alguém, atualmente, pode ser ainda menor, muito em função das redes sociais.
Se fosse possível aplicar a teoria dos seis graus de separação em escândalos políticos, provavelmente o esquema revelado pela Operação Lava Jato, que vai completar um ano de investigações neste mês de março, seria o experimento ideal para corroborar o estudo de Milgram. E o local escolhido para o início da pesquisa científica seria Londrina. A principal cidade no Norte do Paraná abrigou pelo menos duas peças-chaves do esquema da Lava Jato: o doleiro Alberto Youssef, hoje preso, e o ex-deputado José Janene, morto em 2010.
Quatro escândalos
Há pelo menos quatro grandes esquemas de corrupção, três deles nacionais, que tiveram sua origem – ou pelo menos passaram – por Londrina: o caso AMA/Comurb, o escândalo do Banestado, o mensalão e, finalmente, a Lava Jato.
Para o promotor Claudio Esteves, que atua há 18 anos na cidade, isso não necessariamente é algo negativo. “Não acho que Londrina seja diferente de outros municípios. Isso existe em todos os lugares. O que existe aqui é uma confluência de fatores que levou a uma elucidação desses casos mais do que em outros lugares”, diz.
A vereadora Elza Correia (PMDB), autora de uma das primeiras denúncias de casos de corrupção na cidade, faz coro ao promotor. “Londrina é uma cidade jovem e com potencial. Ela tem uma efervescência política oriunda de um ‘caldeirão de pensar’, em função das universidades e dos núcleos culturais”, diz. Coincidentemente – ou não – dois prefeitos do município foram cassados nos últimos 15 anos: Antonio Belinati (PP) e Barbosa Neto (PDT).
O promotor Esteves admite, porém, que há pouco graus de separação entre políticos, empresários e doleiros que já foram citados em processos judiciais envolvendo corrupção no Brasil. E dois nomes se repetem: o de Youssef e de Janene, descritos pelo promotor como duas pessoas “ousadas” quando a questão era desviar dinheiro. “Aparentemente, eles importaram uma metodologia de desvio de dinheiro e aprimoraram o processo aqui.”
A reportagem da Gazeta do Povo foi a Londrina e apurou como outros casos – e outras pessoas envolvidas – possuem poucos graus de separação com a Lava Jato, um dos maiores escândalos de desvio de dinheiro público da história do país.
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